“Me emociona estar em um festival que celebra o teatro”, revela Dan Stulbach

“Nossa, nunca vou esquecer isso”. Esta frase, dita atrás das cortinas pelo ator Dan Stulbach logo após o fim da peça “Os 39 degraus”, também poderia ter sido falada por qualquer um dos espectadores que lotaram o Teatro Guaíra na noite desta quarta-feira (6). O espetáculo, dirigido por Alexandre Reinecke, é baseado na obra do aclamado diretor Alfred Hitchcock, e mistura suspense, comédia e muitas reviravoltas.
Além de Stulbach, integram o elenco Danton Mello, Fabiana Gugli e Henrique Stroeter, que se revezam em mais de 130.de papéis. A história se passa na Londres e na Escócia pré-Segunda Guerra, onde Richard Hannay (personagem de Stulbach) conhece Annabela Schimit (Fabiana), uma linda agente secreta alemã. Ele, um sedutor incorrigível, a leva para seu apartamento, onde ela é misteriosamente assassinada. Hannay torna-se o principal suspeito e assim inicia uma atribulada jornada que o levará até a Escócia.
A fama de peça mais disputada do Festival de Curitiba (os ingressos esgotaram-se quase um mês antes do espetáculo) é justificada pela qualidade técnica da apresentação. Com efeitos sonoros afinados e iluminação digna de shows da Broadway, “Os 39 degraus” vale cada centavo do ingresso.
Sobre o diferencial de se apresentar em Curitiba, Stulbach conta que “o calor humano, a quantidade de gente, esse elenco que eu adoro, tanta coisa junta deixa tudo muito especial. A peça é especial, porque é alegre e inteligente”. O ator, que já havia se apresentado no Festival de Curitiba em 2002 com a peça “Novas diretrizes em tempos de paz”, divertiu o público com sua desenvoltura em cena, menções satirizando trabalhos anteriores e a marcante química com o colega de palco Danton Mello. Também é notável a agilidade de todo o elenco ao perfazer constantes trocas de papeis, figurinos e cenários, pois a história assim exige.
Velha conhecida do Festival, a atriz Fabiana Gugli – que desempenha três papeis na peça – destaca a diversidade que o evento proporciona tanto para o público como para os atores: “É muito importante um festival assim, que fomenta o teatro. Dá espaço para tantos grupos diferentes, linguagens diferentes. São poucos lugares que fazem isso”, diz a atriz.
Apesar de estar em cartaz em São Paulo desde agosto de 2010, sempre há espaço para mudanças e improvisações. “Hoje a gente mudou algumas coisas, a marcação do carro, a cena no teto do trem. Isso foi tudo decidido hoje, nós sempre nos reunimos antes pra conversar sobre a apresentação anterior e desejar 'merda'”, declara Stulbach, quase sem palavras após se expressar através de seu exercício favorito, o teatro.
Antigamente as pessoas iam aos teatros com carroças puxadas por cavalos, os quais acabavam fazendo suas 'necessidades' pela calçada. De acordo com isso, quanto mais gente fosse assistir a peça, mais coco de cavalo teria na frente do teatro.
Desde essa época vem o costume de dizer 'merda' aos atores antes do espetáculo começar no intuito de desejar que muitas pessoas assistam e que peça seja um sucesso.